A Importância do Planejamento no Desenvolvimento Sustentável do Turismo: uma questão de necessidade
No final do século passado o mercado do turismo atingia cifras milionárias e alcançou lugares jamais imaginados que um dia essa atividade atingiria. O turismo internacional foi responsável pela movimentação de cerca de 750 milhões de pessoas em 2003.
Na corrida por esse mercado, o Estados Unidos, a França e a Espanha, são os atuais líderes do receptivo internacional. O Brasil ainda não conseguiu chegar à casa de 1% desse maravilhoso bolo.
A conseqüência disso é que o país deixa de lado significativa fonte de renda, que poderia se tornar como uma alternativa para solucionar a concentração de renda e promover melhoria da própria qualidade de vida nas regiões que não estão inseridas no tradicional circuito econômico nacional.
Todos esses dados nos remetem ao fator principal da questão. Como um país como o Brasil, com um fantástico conjunto de atrativos turísticos naturais, históricos, culturais, antropológicos e edificados não consegue se tornar um mercado atrativo e possui uma baixa expressão no faturamento anual?
A resposta mais rápida encontrada é justamente sobre a falta de planejamento integrado para o turismo, onde uma ação conjunta conseguiria integrar todas as esferas do sistema, tanto em nível local, como estadual e nacional.
No entanto, é preciso avaliar algumas situações sobre essa falta de planejamento. Petrochi (1998, p38), afirma que:
As deficiências do turismo passam inicialmente pela falta de conscientização da população para a sua importância, o que é uma questão cultural. Se a população não se sensibiliza por determinado tema, o político automaticamente o descarta. O político reflete os desejos, as aspirações e as preocupações da população. A população em geral não dá a devida importância ao turismo, e essa indiferença é fatal.
O planejamento deve partir principalmente de incentivos e da busca pela valorização do potencial do lugar. A revitalização da auto-estima da comunidade torna-se elemento chave, pois os valores são resgatados, o que é feio passa a ser bonito e assim esses "lugares" criam suas identidades e entram nos chamados circuitos ou roteiros turísticos.
Esse acesso aos circuitos turísticos acabou por acarretar situações problemáticas para os locais. Regiões de grande beleza e de forte valor turísticos foram esmagadas por especulações imobiliárias, a falta de planejamento acabou comprometendo seu futuro.
Municípios desprovidos de recursos técnicos e financeiros e de lideranças políticas suscetíveis a pressões sofreram deformações, de tal forma, que acabaram provocando danos irreversíveis aos recursos turísticos em todas as ordens.
Notadamente é indispensável. Não podemos mais ver no que vai dar. É preciso tomar ações coerentes com a nossa realidade. Precisamos deixar de pensar que turismo é colocar as roupas nas malas, pegar um meio de transporte e partir rumo às praias. Também é isso, porém, é muito mais. Precisamos olhar um pouco mais para o entorno onde moramos observarmos que existem pessoas que se deslocam de lugares longínquos para conhecer algo em nossa volta que às vezes nós não conhecemos.
O que precisamos fazer é promover uma ação conjunta, ou seja, um planejamento integrado entre os municípios, de forma que cada um eleja seu produto e todos sejam colocados em único sistema, prevalecendo à integração e a troca de oportunidades.
Para isso, o planejamento parte da capacidade dos gestores do turismo local em promover ações que despertam o desenvolvimento com bases sustentáveis e que esses resultados sejam transferidos para uma esfera maior, onde as próprias experiências, sucessos e desafios passam a ser uma proposta para o outro município, que talvez ainda não tenha passado.
Concluindo esse pensamento Ruschmann (2001, 24p), contempla.
Não podemos mais ficar esperando o que vai dar. Vou montar uma pousadinha aqui e depois eu vejo. Vou montar um restaurante aqui, porque a minha mãe cozinha bem demais, faz uma boa feijoada. Isso não dá mais. Então o que fazer?
O que se percebe é que não é mais possível para arriscar em cima da "minha-mãe-cozinha"; não é mais viável para alguém dizer que herdou uma terra lá e vai ver o que fazer com ela. Não mais assim. O turismo não acontece assim, não acontecerá e, aliá, nunca aconteceu.
Se em algum lugar alguém herdou um pedaço de terra e resolveu fazer alguma coisa disso e deu certo, é porque algo ajudou. É preciso que o empreendimento esteja ordenado, planejado, saber quanto custa, quanto precisa cobrar e quanto vai ganhar. Isso é fundamental. O turismo não aceita mais amadorismo, precisamos tratar desta questão com mais profissionalismo e ver que esse segmento exige tanto cuidado como em qualquer outro negócio que se queira administrar ou gestar.
No mínimo, é o que temos de fazer: planejar. Imagine logo pela manhã uma dona de casa entra na cozinha para decidir o que fazer para o almoço, isso precisa ser planejado. Ela não pode decidir entre moqueca ou peixe frito se não há peixe na geladeira. Precisamos prevenir, pensar, prever o que acontecerá e, em função disso, realizar.
Planejar, Uma Questão De Necessidade
O turismo no Brasil tem cada dia mais se consolidado como um setor de grande importância econômica e indica que esta área só atingirá o crescimento quando realmente forem implantados os princípios básicos de planejamento.
Hoje, essa atividade começa dar os seus primeiros sinais em nosso município. Sacramento em função de um conjunto de paisagem singular, uma cultura forte associada aos costumes típicos e a hospitalidade encanta aqueles que por aqui passam.
Esse despertar para o turismo aos poucos desperta também os interesses de ordem pública e privada para os seus valores agregados. Ai que mora o problema. Estamos preparados para isso? De que forma as pessoas passaram conhecer nossos recursos? Foi divulgação? Se for quem fez? Por isso a responsabilidade pela gestão do turismo no lugar perpassa a simples formatação de folder, CD ou divulgação pelas redes de comunicação. É preciso ter responsabilidade e ética a esses valores. O turismo traz um grande crescimento para o local em que é desenvolvido com bom senso.
Sabemos que praticamente todos os estados brasileiros possuem atrativos turísticos e que, este de uma forma ou de outra, antes de tudo deve ser planejado e oferecido ao mercado, criando assim um leque diversificado de produtos.
O grande problema enfrentado é que esses produtos que vem surgindo cada vez mais rápido têm sido vendidos sem o devido preparo, de forma aleatória sem antes passar por um sério planejamento. Com isso, infelizmente inúmeros e sérios problemas tem surgido nesses locais, como: poluição ambiental, urbanização excessiva, depredação dos recursos naturais, violação dos valores da comunidade local, prostituição, drogas entre outros.
Esses problemas, acumulados, trazem aos poucos o desaparecimento do produto e deixam grandes seqüelas nos locais. O planejamento surge, portanto, como uma forma de evitar com que isso aconteça, pois é importante lembrar que:
"Planejamento é um método de trabalho aplicável por quem quiser. Preparar tudo muito bem, acompanhar com o mesmo cuidado a realização e tirar lições do ocorrido" (FERREIRA, 1986).
Nesse mesmo pensamento PETROCHI, (1998), afirma que o planejamento é a definição de um futuro desejado e de todas as providências necessárias à sua materialização.
Porém, apesar de ser uma técnica bastante conhecida, ainda é pouco usada pelos empreendedores do turismo, que ainda encaram o planejamento turístico como mais um gasto desnecessário, sendo isto justamente o contrário, pois quanto menos recursos dispusermos, mais devemos planejar para que sejam bem aplicados.
Devemos encarar o planejamento como um eficiente método de unir pequenas forças, que juntas estarão buscando um melhor desenvolvimento e crescimento do local em gestão.
Portanto, a atividade turística ser identificada como uma força econômica que pode tornar-se, num elemento novo nos meios produtivos da macro ou macroeconomia, certamente em setores onde até pouco tempo não se pensava em desenvolvimento ou não se via uma saída para problemas locais, o turismo está surgindo como uma possibilidade para dinamizar a economia local.
A tendência é animadora e fantástica, despertando cada dia mais infinitas possibilidades de mercado, no entanto a cada dia cresce a expectativa e juntamente com ela uma grande preocupação; que é: de que forma esse desenvolvimento seguirá? Visto que na maioria dos lugares encontramos um ambiente frágil e debilitado, que necessitará de um enorme trabalho de planejamento.
Considerações Finais.
Assim, planejamento turístico, como o planejamento de forma geral, é um instrumento que vem conduzir o crescimento de setores de maneira a estar sempre minimizando os impactos provocados pela atividade e maximizando os benefícios para o local desenvolvido.
Isso não quer dizer que o turismo seja a solução imediata para os problemas econômicos que principalmente os pequenos municípios enfrentam e que é interpretado de uma forma errada por aqueles que são os gestores municipais do turismo.
Antes de tudo, é necessário que seja feito um amplo trabalho de avaliação do referencial turístico, esclarecer a comunidade sobre a atividade, avaliar os pontos positivos e negativos gerados por ele e somente após isso será possível fazer alguma proposição sobre a exploração.
Precisamos ter responsabilidade em lidarmos com a questão turismo. Promover o turismo não é contar o número de cachoeiras que uma região tem, nem muito menos achar que vamos trazer um terminado número de turistas para nossa cidade da noite para o dia e se isso acontecer, pode preparar para as conseqüências.
O que precisamos fazer é identificar esses recursos, analisar se realmente são potenciais, respeitar seu proprietário, saber se possui interesse em transformar o local para visitação, saber quantos hotéis a cidade possui e suas reais condições, depois pensar na promoção do lugar.
Olhando para trás, percebemos que prejudicamos muito nosso ambiente com ações indiscriminadas. Não cuidamos bem desse nosso produto e agora teremos que fazê-lo. Teremos de cuidar da atratividade, da singularidade, ou então o perderemos. Além disso, teremos de educar os turistas.
O denominado turismo sustentável, mesmo com suas vertentes contraditórias é o elemento fundamental que perseguimos, decidirá com firmeza o que temos de fazer, como devemos-nos conduzir quanto ao crescimento econômico, ao bem-estar da comunidade, à satisfação do cliente, à cultura autêntica e aos valores locais.
Concluindo, é ponto pacífico reconhecer no turismo uma alternativa ocorra viável e de grande poder de transformação social, buscando o caminho do desenvolvimento sustentado. Para que ocorra essa evolução, tornar-se necessário o envolvimento do poder publico, dos empresários, produtores rurais, estudantes e de toda população.
Investir em turismo é estar respaldado em uma tendência histórica mundial de crescimento firme e regular. O turismo cresce com o aumento da renda per capita e da população.
Mas o turismo exige gestão, planejamento, respeito e principalmente profissionais que estejam compromissados em buscar uma perspectiva mais coerente com a realidade local, ou seja, é necessário um mínimo de competência administrativa, pautada nos valores humanos e no respeito ao meio ambiente.
Referências Bibliográficas.
PETROCCHI, Mário. Turismo Planejamento e Gestão. 2º. Ed., São Paulo: Ed. Futura, 1998.
BARRETO, Margarida N. Angeli. Planejamento e Organização em Turismo. 4º. Ed. Campinas:Ed. Papirus, 1991.
WHITAKER, Francisco Ferreira. Planejamento Sim e Não. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1979.
RUSCHMANN, Doris Van de Meene. Turismo e Planejamento Sustentável. Campinas:Papirus, 1997.
fonte: http://destaquein.sacrahome.net/